sexta-feira, 27 de julho de 2012

Rascunhos (Flores da Gaveta)










Meu Último Poema
(a quem intéresse~se)

Que não seja o último a ser escrito.

Se eu morrer do coração,
que seja fulminante
como meus maiores prazeres.
Não digam a ninguém
das carnes gordurosas,
dos descuidados com a saúde,
das vagabundices,
digam simplesmente
que amou demais.

Se a morte for do pulmão,
não digam do cigarro,
nem da fumaça da poluição,
não digam dos tóxicos ambientes,
digam, que desejou a liberdade
a ponto de afogar-se.

Se me falharem o fígado,
ou os rins, ou demais orgãos,
não digam pormenores,
digam que foi falência múltipla,
pelo uso e desuso.

Se for do sangue
digam que morri feliz,
que morri na vontade
de mais circulação.

Se for de mal súbito,
desconhecido, qualquer que seja,
atropelamento acidental,
assassinato frio, digam somente:
- Foi um dos célebres trocados
ou uma das graúdas anônimas.

Se for derrame,
digam:
- Foi de saudades da linda!
(*da bonita)



E então,
 escrevam:


 Viveu Intensamente
La Via Lacrimosa


lee









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